sábado, 30 de julho de 2011

Título: É escondido que se mostra a dignidade.

Quem sempre quer vitória perde a glória de chorar – Marcelo Camelo
A ENTIBIA SE DÁ EM NÃO GRITAR AO MUNDO. Estive vivendo por uma hora e dez minutos com um homem que comprei quando ia passando na rua, tinha alguns com ele, emoldurados a mostra na calçada de uma esquina próximo onde hoje funciona uma clínica durante o dia, mas que antigamente era uma casa estilo clássica ou neoclássica, mas que perdera muito do seu garbo devido principalmente as paredes contendo colunas e janelas que foram derrubadas deixando o único vestígio que denuncia o crime, a fachada em cores berrantes que seus atuais donos despreocupados com história lhe pitara toda. Os homens estavam lá, dois sentados num troco grosso de arvore cortada enquanto os outros dois em pé ao longe de braços cruzados conversavam, sendo soltos assim como suas expressões sorridentes e olhos penetrando os vidros quando viram o carro se aproximar. Comprei como se comprava antigamente escravos africanos lindos nas feiras, retirados com o coração amargo e na alma deixada na terra mãe, à força vinham com mãos tinindo ferro e pé sujos no chão, vindos em porões de navios amaldiçoados por deuses que pela sede de muita vingança um dia afundou, arrancados de suas terras, sem esperanças, de seus lares ou na espera de construir um cá estão eles vivendo a modernidade, à espera de um comprador por necessidade econômica, pra sobreviverem, para manterem algo é que se dão de corpo sem alma, e é essa parte do corpo sem alma que me desgosta. Comprei desgostoso, mas comprei, comprei e percebi que fora da outra parte um bom negócio, o Garoto logo do banheiro me olhou e viu nu, espiou que eu era bem feito. Tinha músculos concisos, lisos, bons dentes, claros, olhos grandes, cheiro de sândalo francês. Diferente do que era acostumado.
E foi por se vender a mim do jeito que me apresentei que ele se sentiu mal de uma forma que habitualmente não se sentiria caso fosse um homem mais velho, talvez até se achasse fazendo um favor, e dormisse tranqüilo por cada prazer dado ao coito anal proporcionado filantropicamente, mas sentiu vim de sua mente exigências que soaram pelo ar em explicações sobre sua situação atual, porque afinal mesmo que não tivesse que ficar com um homem feio e velho, agora tinha que agüentar sentir o prestígio da aragem vinda daquele cara mais jovem, num carrão, vendo o comprador em um estado eterno de êxito. Me pareceu inconsciente que pra ele se sentir menos mal  contou-me entre mordidas e gemidos ter vivido um tempo na Suíça, não era um escravo qualquer, era um que tinha valor, um que tinha andado no estrangeiro, que sabia como as coisas eram no velho continente, algo a mais pra dá, afinal escutara sem entender a outra língua, aprendera no tempo alguma expressão, mas há tanto tempo sem treinar hoje já esqueceu como dizer adeus em alemão, comera o verdadeiro chocolate suíço, vira de perto as lojas com relógios, água da fonte, as fábricas no alto, ao topo do mundo e ao frio cortante que sem costume respirou ou pela doença pulmonar adquirida em Fortaleza o fez muito doente nas montanhas tendo de retornar a terra do sol e sentir os ares aquecidos perpetrarem os pulmões e na noite como essa, muito fria, prestes a chover, rezar ao Deus para que mais homens como eu lhe venha solicitar negócios. Esse homem cujo nome não fora perguntado e a identidade ficara anulada pela discrição do outro, o comprador, aquém convém passar pela rua de pouca luz sem deixar pegadas no asfalto negro, como se flutuasse emplumado, cujo demônio da consciência virá depois reviver pretéritos caminhos contados em minutos num relógio de celular que antecederam o gozo fraco na cama redonda do motel, ali mesmo no centro de madrugada, frio.

Que consciência tem o comprador? Ele que pertence a uma instituição que estaleja respeito, honra, moral também sabe por a cabeça ao solo e sentir o cheiro das solas empoeiradas por quem diariamente passam milhares de gente todos os dias, escondido a essa hora da noite, ele sabe mostrar a dignidade de corpo e alma a um desconhecido, retirar a roupa e sentir um cheiro forte e pesado que a vaidade presente não suporta e a insônia fica, mesmo durante a experimentação, como se tivesse imune ou energizado pela carência a qual some depois do gozo, quem sabe, mas o cheiro lhe entibia mesmo em casa horas depois, dias depois, semanas.

Lamber as bolas do escravo torna-se melhor que ficar durante todo o restante da noite e semanas com o sabor de uma pergunta na boca. O que teria acontecido se eu tivesse saído de casa hoje?

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Título: Verdadeiramente Lambendo a Merda

Quando entregara seu cartão de credito para debito automático no caixa havia dois funcionários por detrás do balcão separado por vidros, que enquanto moviam as mãos em seu ofício conversavam sobre o que fariam mais tarde quando saíssem dali. Disseram que iria a boate Divini que fica no centro, logo não perderia a apresentação de uma cantora ou dubladora batedora de cabelo, cuja diversão era garantida e ouvindo suas vozes cada uma muito afeminada pensou que talvez nunca seus pés sintam aquele lugar, principalmente devido alguns vizinhos seu freqüentarem o ambiente, vizinhos que se importam com a vida dos outros, que inventariam coisas a seu respeito. Fato comprovado quando uma vez as cinco e quarenta da manhã depois que sair do Orbita Bar sozinho, quando procurava um motel barato, depois de encontrar um rapaz que estava falando num telefone público perto da avenida abolição, na Praia de Iracema, próximo ao Pão de Açúcar parou próximo da Divini para que o rapaz que morava no Mucuripe e que fora expulso de casa por seus pais ás duas da madrugada depois de brigar com os pais, mas que não lhe fora contado o motivo; agora compraria fósforo pros cigarros dado por Ele que se emocionara com a voz de dor do negro, uma carteira negra que há meses guardava dentro da bolsa e que nunca ascendera, sem coragem, imaginando as palavras de um amigo distante ciente da auto-aniquilação quando alguém lhe aconselhava que parasse de baforar fumaça, dizia: futuramente vários tumores se formaram em meu interior, eu tive aulas de biologia, tenho consciência disso. E que agora fora doado ao rapaz expulso e recolhido no carro dele parado na Rua da Divini que viu e fora visto pelos vizinhos. Quando se reconheceram e arregalaram os olhos e as palavras que leu de seus orbitais foram, bem que desconfiava dele. Ele que estava caminhando continuou, como se estivesse apenas passando, afinal os vizinhos apenas lhe vira passar pela rua, e com certeza na boate eles não o viu, como também nesse momento estava só deu uma volta no quarteirão até retornar o carro e finalmente, depois do outro ter conseguido a caixa de fósforos entraram no motel. O sexo fora ruim, muito rápido, talvez um dos piores. 

Ao sair dali, fora a pé até o estacionamento em que deixara o carro preto. O pagamento já havia sido feito, apenas um comprovante fora apresentado e devido à lotação apenas consegui tirar de ré o que lhe fez se arrepender logo depois, pois quando fez a manobra não viu uma placa vindo o carro bater a traseira, droga, droga ... Mas não tinha amassado, quicá arranhado, menos mau! Ele seguiu a rua pro lado leste que dava numa outra que cruzava, era da mesma largura de mão única pro sul, ele pára e acelera virando a direita vindo a subir por essa que era um alto não muito íngreme.

Quando Ele pára num ponto para entrar a esquerda logo pegaria a Avenida Monsenhor Tabosa viu quatro rapazes cada um com uma bolsa de viajem e reconhece-os de uma clínica odontológica quando foram se consultar para colocarem aparelho nos dente, eram marinheiros - e um deles, um moreno fino de calça jeans escuro, ficou lhe encarando nos olhos, enquanto os outros que estavam mais em baixo gritara seu nome, chamando-o, ele se virou quando olhou que Ele o motorista subira o vidro escuro e virara pra direita, ele que acabara de sair do estacionamento lotado acelerou seguindo logo depois pro centro a procura de sexo, o mais oco como os ecos que se formaram pelo íngreme da escada dúctea onde apenas uma voz diáfana e ao mesmo tempo humanizada pelo violão malandro que chorando disse ser do homem a dor. E sem deixar muito de lado a dor nele presente passa e repassara pela rua onde eles ficam os Garotos, alguns muitos feios, outros nem tanto, poucos, muito poucos que não enche esquinas. Ele sente receio de parar, ele vai e volta pela mesma rua. Ele os vê – pelo correr das rodas se perguntam entre si quem é, que é... Nas esquinas algumas travestis muito altas meio homem e mulher, caricatas cada um com seu âmago e casca una pintadas, cada uma delas maneado o quadril fazem expressões como se tivessem gozando. Ele passa por mais uma esquina na rua desértica, na rua sem luz, na rua sem importância.

À medida que vai contando nesse momento que conseguira sobre o que lhe aconteceu algumas vozes se misturam aos fatos. Alguns sonos indizíveis, diálogos distantes por sua introspecção pelas lembras dessa noite de sexo comprado, algumas imagens em silhueta do seu lado querendo se mistura a borra escura das letras, são as pessoas próximas dele, no trabalho dele ao seu lado conversando, sem desconfiar do que ele tanto escreve, sem desconfiar do que ele é capaz de fazer a noite, escondido, correndo risco de um bandido vim e abordar, quando pelo desespero de se encontrar gigantescamente sozinho no mundo vai provar da poeira das ruas à noite, vai  pra sentir o seu pior. Ele que tem consciência do seu pior. Ele que se sente sórdido. Ele que deixará sua pompa inventada e sua máscara de bom rapaz. A mãe ligou pra saber onde estava, estou bem, disse, estou com amigos, fica aqui no Benfica, conversando apenas.

Desliga o celular e pára na esquina tímido e com medo. Observa os rapazes, são três e logo um dele o que estava de blusa azul gola pólo vem à porta quando um aceno é feito. Aproxima-se do carro. O coração dispara e pergunta como funciona pro rapaz em pé, a voz quase sem sair, preparado pra pisar caso algo ocorra. Mas nada acontece, tudo está tão silencioso quando os cantos escuros por onde pouca luz incide, por onde os vivos se escondem, lembrando com sua pele branca a perversidade dos vampiros. Há na maldade um cheiro que aos poucos lhe enleou, um que fez o rapaz de gola polo entrar e fechar a porta do carro, um que entorpeceu seu âmago débil, como se sua dignidade não valesse, mas que a consciência fosse apenas depois, muito depois, emergir como demônio da pista negra, o que diz o quanto fora fraco se deixando, se jogando, se lançando...

sábado, 23 de julho de 2011

Se te queres matar, por que não te queres matar?
Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida,
Se ousasse matar-me, também me mataria...
Ah, se ousares, ousa!
De que te serve o quadro sucessivo das imagens externas
A que chamamos o mundo?
A cinematografia das horas representadas
Por atores de convenções e poses determinadas,
O circo policromo do nosso dinamismo sem fím?
De que te serve o teu mundo interior que desconheces?
Talvez, matando-te, o conheças finalmente...
Talvez, acabando, comeces...
E, de qualquer forma, se te cansa seres,
Ah, cansa-te nobremente,
E não cantes, como eu, a vida por bebedeira,
Não saúdes como eu a morte em literatura!
Fazes falta? Ó sombra fútil chamada gente!
Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém...
Sem ti correrá tudo sem ti.
Talvez seja pior para outros existires que matares-te...
Talvez peses mais durando, que deixando de durar...
A mágoa dos outros?... Tens remorso adiantado
De que te chorem?
Descansa: pouco te chorarão...
O impulso vital apaga as lágrimas pouco a pouco,
Quando não são de coisas nossas,
Quando são do que acontece aos outros, sobretudo a morte,
Porque é coisa depois da qual nada acontece aos outros...
Primeiro é a angústia, a surpresa da vinda
Do mistério e da falta da tua vida falada...
Depois o horror do caixão visível e material,
E os homens de preto que exercem a profissão de estar ali.
Depois a família a velar, inconsolável e contando anedotas,
Lamentando a pena de teres morrido,
E tu mera causa ocasional daquela carpidação,
Tu verdadeiramente morto, muito mais morto que calculas...
Muito mais morto aqui que calculas,
Mesmo que estejas muito mais vivo além...
Depois a trágica retirada para o jazigo ou a cova,
E depois o princípio da morte da tua memória.
Há primeiro em todos um alívio
Da tragédia um pouco maçadora de teres morrido...
Depois a conversa aligeira-se quotidianamente,
E a vida de todos os dias retoma o seu dia...
Depois, lentamente esqueceste.
Só és lembrado em duas datas, aniversariamente:
Quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste.
Mais nada, mais nada, absolutamente mais nada.
Duas vezes no ano pensam em ti.
Duas vezes no ano suspiram por ti os que te amaram,
E uma ou outra vez suspiram se por acaso se fala em ti.
Encara-te a frio, e encara a frio o que somos...
Se queres matar-te, mata-te...
Não tenhas escrúpulos morais, receios de inteligência! ...
Que escrúpulos ou receios tem a mecânica da vida?
Que escrúpulos químicos tem o impulso que gera
As seivas, e a circulação do sangue, e o amor?
Que memória dos outros tem o ritmo alegre da vida?
Ah, pobre vaidade de carne e osso chamada homem.
Não vês que não tens importância absolutamente nenhuma?
És importante para ti, porque é a ti que te sentes.
És tudo para ti, porque para ti és o universo,
E o próprio universo e os outros
Satélites da tua subjetividade objetiva.
És importante para ti porque só tu és importante para ti.
E se és assim, ó mito, não serão os outros assim?
Tens, como Hamlet, o pavor do desconhecido?
Mas o que é conhecido? O que é que tu conheces,
Para que chames desconhecido a qualquer coisa em especial?
Tens, como Falstaff, o amor gorduroso da vida?
Se assim a amas materialmente, ama-a ainda mais materialmente,
Torna-te parte carnal da terra e das coisas!
Dispersa-te, sistema físico-químico
De células noturnamente conscientes
Pela noturna consciência da inconsciência dos corpos,
Pelo grande cobertor não-cobrindo-nada das aparências,
Pela relva e a erva da proliferação dos seres,
Pela névoa atômica das coisas,
Pelas paredes turbihonantes
Do vácuo dinâmico do mundo...

Autor: Álvaro de Campos
Título: Ecos e Fotografias
Ele nunca amara ninguém. Achava que sabia o que era o amor pelo que os outros falavam sobre, pelo que lia a respeito, pelas estórias que escutava, pelas vidas que via sendo contrárias ao conviver consigo, pelo pulsar do seu peito que esperava ver algo maior que o segredo de si para si mesmo.
Ele nunca amara nunca com força como aquele amor raro em que as pessoas se enleiam juntas para irem num caminho mais normal do mundo e quando passam por tempestades quase impossíveis de se vencer, elas se conhecem sem precisar utilizar os sentidos para isso, que é quando o sacrifício de um pelo outro sem esperar tesouro capital dá prazer e quando uma delas, para ser mais simples, ajuda a outra e a movimentação se transforma como uma abertura na terra de um vale por onde fios que de início fora feito finos, mas que com o percorrer da terra seca aos poucos ganham os fios mais volumosos de água para descerem desgovernadas com força invisível num lago profundo onde a cachoeira encontra paz e equilíbrio pro seu grito.
Como ouvira de longe o que seja o amor desejava lógico ser ele ou, quem sabe, usá-lo ou deixar que lhe usasse ou ainda pular de cabeça com adrenalina no sangue e coração acelerado da cachoeira numa alma de águas profundas.
O que se dava com sua essência quando se imaginava feliz parecia ser qualquer sacrifício principalmente físico possível de se realizar para o feito da força de laços imagináveis durante toda a pouca vida que até ali tinha sem ter, devido às escolhas que fez, devido às que resolveu fazer lhe afastando de um centro oculto com paredes invisíveis que guardava um fruto muito mais oculto ainda, tão invisível é o segredo que lhe aguarda, sem ansiedade alguma que a nomeação de fruto, como objeto, fora apenas genérica, logo não sabe definitivamente de que se trata tanta força guardada, de quê é feito o que está escondido e para que tantas estratagemas lhe afastando de si. Nada se sabe, apenas especulação.  Quando não se encontra em vida, uma boca diz se encontra em morte, mas é um encontro que fora feito para se dá em vida e, portanto não é a mesma coisa. Por enquanto não interessa a outra coisa. É em vida que quer o segredo, morder o fruto, pular de uma cachoeira, nadar numa alma de águas calmas sem preocupação.

O procurado dessa noite não se apresentou. As noticias de que sua presença estaria hoje no mesmo recinto em que esteve foram falhas. Desnudos, mesmo todos desnudos da forma como gosta, da forma mais natural, física, da forma mais, bela, lembrando o deus que lhe é desde pequeno levemente luzido em mente: Apolo - mesmo apolíneos fora com longa distância vossas conexões sinópticas.
Sentado num dos cantos da sauna, mas afastado dos dois homens no palco que cantava ainda com mais emoção, depois de retornar do andar superior, sem sucesso, com a voz lamentando a vida, e o negro que lançara ainda mais na voz dor. A voz se tornava pelas passadas na vertical mais próxima, descendo e sentido eco passarem por si, ecos sempre ecos que distraem. Ecos e fotografias. Distraiu-se por estante olhando fotografias de um fotografo desconhecido estrangeiro sobre homens também num telão pensando que todos ali eram anti ao segredo e ele estava certo. E sem ter mais o que fazer, quando já poucas pessoas restavam, quando já chegava ao fim, quando já fechariam as portas do lugar, quando a chama esfriou, o som baixou e os Garotos se foram, os homens desnudos se foram, foi então que ele se foi também.

quinta-feira, 21 de julho de 2011


Título 1 - Braços Cruzados e Pernas Traçadas

A cidade de Fortaleza que era tropical, situada em um espaço que absorvia intenso raio solar quase trezentos e sessenta e cinco dias do ano, se arrefecia apenas quando de um dia para outro chovesse, embora ainda o pouco calor pudesse aquecer e fazer soar água de um corpo humano quieto, recém acordado, com os dedos segurando livros, que naquele domingo sofria calado. 

Pela manha mais fria que o habitual agarrara-se rapidamente a leitura tentando com seu desespero lento de movimentos e com os olhos fixos na estante se esquecer ou transformar o tremor quase sempre presente da solidão em um futuro florescente – pois que o augúrio enchesse a rasa e fina esperança de melhoras, que significava ganhar prazeres provindos da labuta perene de se estar vivo e pronto a resolver os milhões de pedidos sem fim do mundo, o qual ele se inserira com uma força volátil e agora já há tanto tempo se via sem forças obedecendo, e que de tamanha pressão as curvas do rosto que guardavam a presença da melancolia e pelos olhos a memória de mãos que se perdem em labirintos por pedidos sanguessugas. 

À tarde quando sobre a mente conseguira um peso gigante e uma leve dor de cabeça latejante pensou em ir a praia. Antes acreditou que como fora pisoteado seu corpo perambularia num espaço retangular que era a sua casa sem vento onde morava para depois dormir sem fazer o que mais quis naqueles dias. Mas quando os pais de olhos inquisidores saíram de casa lhe deixando, tivera como um relâmpago de prazer feito de respostas a melancolia aprumada de sentidos no corpo que desde o inicio experimenta a vigia da sentinela e agora se prepara para peregrinar em locais públicos com o intuito de se jogar em olhos abrasadores ou sentir-se vivo quando pela coragem fosse e dissesse o que sentisse a quem quer que fosse ou aparecesse em sua frente. Atos que não funcionam.

A noite vermelha sangrara no horizonte do oeste e entrara no mundo à medida que as rodas do carro sujas daquela cor passavam rápidas pelas ruas vermelhas quase desérticas do centro de Fortaleza. A noite plúmbea e assombreada trouxera impulsos desejos de horror, porque os nervos prevendo o mundo grande onde ele se enlearia em lençóis brancos cujo cheiro suave de perfume em madeira com gotas de jasmim embriagado emergisse da explosão do impactante corpo-a-corpo.

À medida que entrava naquele espaço talhado em gesso, paredes lisas e mescladas em cores esverdeadas, brancas e amarelo claro, cadeiras e mesas de vidro para espera, revistas com homens musculosos, maçanetas de alumino, luzes entrecortando a penumbra colorida, vasos de plantas esborrachadas, espelhos e uma escada para o andar superior próximo de um balcão onde se apresentara com dois homens dentro solicitando seu nome para o cadastro e como uma vez já lhe tinha ido não fora necessário ver meu retrato e número de série original, sendo com um aceno de cabeça permitida minha entrada e um numero de dois dígitos predado numa chave que dizia meu armário, para como todos os outros eu iria despir e usar uma toalha ao redor da cintura sempre branca e grossa com chinelas de borracha preta.

Depois que retirei minha roupa jeans e blusa azul clara, fiquei de sunga verde e com a toalha no ombro, tranquei o armário de numero cinqüenta e oito e caminhei para o bar, onde uma vodka gelada me fora entregue para que numa mesa que lembrou muito as da praia do futuro eu ficasse espiando sério de boca serrada, sabendo que quase todos me olhavam, logo acabava de chegar e ouvisse um homem negro com outro de pele amarelada, quase ceracea que a luz amarela fazia aumentar o volume vertical que não lembro como que era a sua face. Tocavam violão e cantavam músicas brasileiras. Zé Ramalho, lembro que cantaram chão de giz e essa música mexe com as pessoas, a letra é forte e o som melancólico misturasse algo que lembro o rock, que deve ser a voz grossa do cantor que em alguns momentos embora cante poesia percebe-se uma espécie de conversa ou a áurea límpida da melodia fora usada como válvula de escape.

Os olhos que assistiam todo show com maior interesse quiseram lacrimejar não digo por escutar que alguém fizera por ele o trabalho de dizer o que queria gritar para todos, mas mais pela inércia do seu corpo com braços cruzados e pernas traçadas, braços que se despregavam apenas para tomar gole de vodka que logo acabaria e que nunca lhe lançaria na loucura de sentir o sabor de sangue de um beijo roubado nem ouvir os gritos de devaneios trazidos e recriados durante anos lançados na rua bem próxima atrapalhando o transito apressado na eminência de um mais louco acelerar com o pé direito e passar com raiva por cima do homem de sunga verde que hoje se negou a pegar um cigarro de papel preto e cheiro de canela ocultado o mal, disfarçado o futuro - os tumores em seu corpo - só pra dizer ao meu mundo que pouco se importa com o presente dado pelo Garoto de cabelo encaracolado que na vez anterior se embrenhou consigo em lençóis num quarto preenchido por uma cama branca, lençóis brancos com uma frase bordada em linha dourada que dizia peanes umbra num canto.

Uma pergunta pela Garoto muito bem feito de corpo fora feita, mas a resposta vou pensar, fez ele aos poucos sair para outras bandas do recôndito espaçoso e sua aproximação leve o fez esquecer de si e por poucos segundos a linha de pensamento que antes fora cortada pela fumaça que saia de uma boca polida e vermelha do Garoto retorna e ainda com maior força ele, o de sunga verde sente oquidão, como se mais uma tentativa chegasse ao fracasso. É que ele esperava que o rapaz não fosse mais trabalhar essa noite pra lhe namorar na frente de todos. De que tamanho é o seu ego? A pergunta aparece sobre os olhos.

Quase todas as mesas estavam preenchidas. Um homem de cabelo grande e branco, gordo e alto, estrangeiro conversava com outro mais jovem, vendo aquilo achou ridículo. 

O tempo passa melhor pela voz dos cantores, alguns passam sem eles e ele pensa em ir para casa, até que decide subir para ver como se comportavam no andar superior ao do bar. Os dois cantores pararam um pouco pra tomarem água, foi então que ele levantou o corpo da cadeira e saiu caminhando e passado por todos aqueles desconhecidos. 

Alguns dos homens o seguiam outros cruzavam por ele, passavam por ele , descendo as escadas encarando com seus olhos bem abertos sobre ele. que se confundia aos outros Garotos da casa, que lhe abordavam oferecendo seu serviços, uma especie de serviço que não lhe interessava essa noite, embora pela situação devesse utilizar depois,  quem sabe até em outro lugar, logo que seria muito mais fácil o sexo que a magicidade de encontrar um outro que fosse capaz de lançar no ar baforadas de ferormônios invisiveis extremamente capazes de penetrar na profundidade das sinopses do corpo que usava sunga verde,  desse ai andando só que até pouco tempo agarrado a garrafa pequenina de vodka lhe esvaziara devagar e agora pouco antes de pôr força nas pernas pra subir os degraus, colocou-a sobre o balcão do bar.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Crise Nervosa

Quando se está à beira de uma crise nervosa o que o cérebro faz, no meu caso procura feito um louco por divertimento e a música do compositor alemão Frans Shubert foi que deu resultado somente depois de anotar que mandaria um recado para Bia, uma estilista que durante os anteriores Sanas participara com exposição de peças nikkei (evento realizado em Fortaleza para exposição da cultura pop japonesa), 2) compraria fio dental hoje na farmácia pague menos, 3) usaria ácido no rosto até 7/7/2011 logo terei dois dias para reconstrução epidérmica até sábado dia em que irei a uma boate que não vai tocar música boa, mas vai tocar música ao vivo pop sobre o comando de uma amazonense que aposto não ter muito conceito e não é disso que preciso, aposto, juro que não ligarei pra letra, não vou para pensar, até porque sei do perigo, pois dançar é o que quero, somente, e o melhor de tudo isso é que vai ter várias  pessoas que podem servir para divertimentos momentâneos, afinal, é por um momento de gozo, que se faz uma eternidade de renegações e fora 48 segundos de vídeo feito por uma pessoa cujo nome é Branislav Jankic e que não consegui informações de quem seja, trabalhos anteriores, apenas que é esse quem dirige o vídeo abaixo, de nome Irmãos da América, para uma marca masculina de nome Mugler. O vídeo abaixo trata-se de homens de cueca percorrendo a praia com ondas em preto e branco sexy, ás vezes ocre sobre uma altissonante melodia experimentada sobre a madeira de violino que de imediato me chamara atenção pela trilha sonora, daí então baixei algumas das obras sublimes  do alemão  Shubert que morrera aos 31 anos depois de uma vida cruel e deliciosa que a música lhe proporcionou e a mim salvou por hoje.


Dois telefones foram anotados 3267 5689 e 8806 5537 para me informar sobre os ingressos antecipados da tal festa de sábado.

O dowland de Mixtape Impenetrável também já foi feito e enquanto lanço essa escritura sobre a tela branca ouço um som que de antemão fora admoestado a ser escutado enquanto uma arrumação de quarto, lavagem de louca ou preparação para uma festinha e não é que me serviu para compenetração em lembranças pretéritas com suposições futuras. Maarji está de parabéns!