sábado, 23 de julho de 2011

Título: Ecos e Fotografias
Ele nunca amara ninguém. Achava que sabia o que era o amor pelo que os outros falavam sobre, pelo que lia a respeito, pelas estórias que escutava, pelas vidas que via sendo contrárias ao conviver consigo, pelo pulsar do seu peito que esperava ver algo maior que o segredo de si para si mesmo.
Ele nunca amara nunca com força como aquele amor raro em que as pessoas se enleiam juntas para irem num caminho mais normal do mundo e quando passam por tempestades quase impossíveis de se vencer, elas se conhecem sem precisar utilizar os sentidos para isso, que é quando o sacrifício de um pelo outro sem esperar tesouro capital dá prazer e quando uma delas, para ser mais simples, ajuda a outra e a movimentação se transforma como uma abertura na terra de um vale por onde fios que de início fora feito finos, mas que com o percorrer da terra seca aos poucos ganham os fios mais volumosos de água para descerem desgovernadas com força invisível num lago profundo onde a cachoeira encontra paz e equilíbrio pro seu grito.
Como ouvira de longe o que seja o amor desejava lógico ser ele ou, quem sabe, usá-lo ou deixar que lhe usasse ou ainda pular de cabeça com adrenalina no sangue e coração acelerado da cachoeira numa alma de águas profundas.
O que se dava com sua essência quando se imaginava feliz parecia ser qualquer sacrifício principalmente físico possível de se realizar para o feito da força de laços imagináveis durante toda a pouca vida que até ali tinha sem ter, devido às escolhas que fez, devido às que resolveu fazer lhe afastando de um centro oculto com paredes invisíveis que guardava um fruto muito mais oculto ainda, tão invisível é o segredo que lhe aguarda, sem ansiedade alguma que a nomeação de fruto, como objeto, fora apenas genérica, logo não sabe definitivamente de que se trata tanta força guardada, de quê é feito o que está escondido e para que tantas estratagemas lhe afastando de si. Nada se sabe, apenas especulação.  Quando não se encontra em vida, uma boca diz se encontra em morte, mas é um encontro que fora feito para se dá em vida e, portanto não é a mesma coisa. Por enquanto não interessa a outra coisa. É em vida que quer o segredo, morder o fruto, pular de uma cachoeira, nadar numa alma de águas calmas sem preocupação.

O procurado dessa noite não se apresentou. As noticias de que sua presença estaria hoje no mesmo recinto em que esteve foram falhas. Desnudos, mesmo todos desnudos da forma como gosta, da forma mais natural, física, da forma mais, bela, lembrando o deus que lhe é desde pequeno levemente luzido em mente: Apolo - mesmo apolíneos fora com longa distância vossas conexões sinópticas.
Sentado num dos cantos da sauna, mas afastado dos dois homens no palco que cantava ainda com mais emoção, depois de retornar do andar superior, sem sucesso, com a voz lamentando a vida, e o negro que lançara ainda mais na voz dor. A voz se tornava pelas passadas na vertical mais próxima, descendo e sentido eco passarem por si, ecos sempre ecos que distraem. Ecos e fotografias. Distraiu-se por estante olhando fotografias de um fotografo desconhecido estrangeiro sobre homens também num telão pensando que todos ali eram anti ao segredo e ele estava certo. E sem ter mais o que fazer, quando já poucas pessoas restavam, quando já chegava ao fim, quando já fechariam as portas do lugar, quando a chama esfriou, o som baixou e os Garotos se foram, os homens desnudos se foram, foi então que ele se foi também.

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