sábado, 17 de setembro de 2011

Will

Passava entre cabides pretos suspendendo roupas coloridas da nova coleção
Entre o azul dos tecidos lindo se refletir no chão semi-espelhado
Passava sem destino certo.
Passava com a angustia, monstro, de quem há anos luz vivo com ela só,
Mas que pela fé o passeio entre os corredores claros do lugar foi límpido pela dormência da angustia de um corpo em resiliência solar.
E houve um momento em que a aflição desapareceu quase completa
Quando pelos anos pretéritos se mostrou crônica a hospedeira má.
Não poderia ser diferente e de sopetão uma luz que não a solar da manhã brilhou
Sobre a possibilidade de eu ir,
Finalmente ir...
Talvez a cura,
Talvez a benção,
Deus ouvia minhas orações
Ou talvez só pura e simples sorte.
É impossível de dizer o que aconteceu,
Porque sempre vem acontecendo
E ninguém diz onde foi visto o Ígneo pela primeira vez
E como antes de começar o mundo, já existia o começo
Há somente continuidade da primeira combustão
Um fato que aceito sem me perder
Pelo espraiar de uma pergunta sem resposta.
Recordo agora que o encontro de nossos olhos pareceram ignescentes
E essa poderá ser a minha resposta,
Se interligaram não mais que por um segundo,
De soslaio observei vossa silhueta
E encarei a rostidade mais linda que reagiu a intenção de meus movimentos
Não queria, mas eu todo sou feito de pouca jactância
E por ela olho uma semana depois para as suas ligações em meu celular não atendidas,
Visualizo sua face sem acreditar que eu teatralizei tudo
aquilo que nesse poema não posso contar
Eu não teatralizei e posso ser seu amado
Não disse qual era aminha intenção
Nem o quão salvador você foi para os meus dias
Apenas me tornei iníquo
De sorte foi que se livrou de minha mão má...
Não acreditei quando descobri que não sou capaz de aceitar o desequilíbrio
Que o destino fez meu corpo nu encontrar
E será que nunca serei feliz Deus?
A coisa vã e os desejos fúteis impedirão que haja bondade em enxergar o rosto da criança sentindo o sol aquecendo, desprendida, des-de-tudo
Pois que para mim a felicidade permanece em encontrar um grande ou pequenino amor.
Vós Will, vós com sua existência foi aquilo que mais chegou perto de mim,
E mim significa meu âmago aprisionado.
Mas como se o monstro indomável em mim acordasse quando eu menos esperava
Eu não mais quis ou tive uma enorme renuncia ao cheiro da aproximada felicidade
E embora houvesse um medo surdo de mais uma vez sentir os cristais frios
E cruéis da angustia cravar a solitude gélida das carnes, fui sem você, fui...
Enquanto narro a nossa curta crônica preenchida de dúvidas,
Meus olhos enchem-se de lágrimas e meu coração se aperta,
Conta o romantismo...
E ai não resisto
Sei a importância de ter-te
De tentar criar contigo o que sempre quis
O que me movimenta
O que me dá ânimo
O que me faz viver
Foste lindo para com minha loucura
Mandou tantas palavras certas provindas de Shakespeare
Como poderei resistir a vossa mente singela e a vossa escritura culta
Me sinto mais atraído por vossa inteligência que por vosso corpo de cor de madeira
Que cheira a vinho e me excita a tez aquecida,
Lembrando com seus pêlos lobisomens,
Embora fosse da pele pálida e tatuada como a de um vampiro que meu prazer se arrefecesse
De que serve tudo isso
Se ainda estou a pensar sem saber se me curvo ou não ao destino
Ou ao distinto olhar que sempre que te vejo sinto sobre eu estender-se branco e cheiroso,
Como lindos lírios do campo,
Lírios é que me fazem recordar os poucos momentos que tivemos,
Poucos e cheios de benção.
Mas de que serve?