domingo, 20 de março de 2011

É mesmo necessário paciência?

Uns amassos, ligações, mensagens, encontros, filme e solidão.





Apenas entrei em um recôndito subdividido em outros exatamente 5 menores.

Entrei muito cansado, eu estava muito mesmo e nem queria lembrar de meu cansaço, mas estava lá e passando por vários homens se assistindo e se estudando num esquandrinhamento de busca por resposta aos seus desejos até então pulsante e na eminência de explodir um em outro ou por outro então passei.

Passei e fui recebido por ele. Ele que de principio pensei ser falso, ou melhor, não usarei a palavra falso logo quero dizer que ele era mais incrível em excesso para existir e por horas fui enleado num mergulho de alegria, fui feliz devido perpetrar em um mundo até então longamente adormecido e pelo toque e ligação de palavras e interligações sudoríparas de feromônios inebriado por um perfume sexual fui muito longe de mim, ao céus, e muito depois da luz das estrelas segui. 

Logo depois em uma cama de motel afirme: “me encantei por ti. Tu existe mesmo?” eu não acreditava.

Ele me olha e retrai os ombros nus como numa afirmação positiva deitado e  ciente de minha loucura, fez uma expressão no rosto que dizia, claro que sim mas que bobo, existo, mas que se fosse falado talvez se mostrasse não modesto e ele era educado.

Me encantei, vivi a maravilha de lhe ter ecoando retumbante pelas galerias de meus sentidos auditivos e as imagens ficaram encarnada em paredes da mente semi perpetuas. Já lhe tive e nesse momento em que relembro o pretérito quero ser presente novamente através de ligações telefônicas, através de trocas de mensagens, através de pensamentos e surgira como me fora quatro noites após aos prantos confessado paixão, houve pedidos de que tudo em nós se formasse claro e honesto logo que a paixão ameaçou gritar de tamanha força por ele que comigo se interligara. Comigo fora se tornando tênue.

Um dia após nosso encontro escrevi:

Escrevo vários textos ao mesmo tempo. Quero dizer com fatos diferentes e enredos diferentes e embora se interliguem sou dos que escrevem e que no meio ou no início ou sei lá quando paro o que estava falando, abra uma nova página em branco e começo com outra história. Algo desencadeia. Agora nesse momento fora a música de Damien Rici que me veio nesse átimo de segundo logo que navegando pela internet vi estampada sua fotografia.

Eu sabia que não poderia escutar essa música gigantescamente preenchidas de amores meus perdidos pelo tempo pretérito, platônicos e adormecidos por minha mente e não poderia porque ontem conheci ele que mexeu comigo.

Mexeu muito e escutarei sua melodia embora corra riscos desconhecido e muito pressentidos.

Sua voz suave soa em mim e abrasadora faz correr um fogo manso por meu corpo pela degustação corpórea ocorrida, iniciadas pela zero hora.

Play: and so it’s que traduzido é “ então é isso...” logo depois vem o conhecidíssimo refrão i can’t take my eyes off of you.

É inevitável que durante a explosão do som sobre meus ouvidos atentos eu não me perca tonto por aquele corpo moreno. Que não me exploda também e não pense no que pode vim e que uma energia provinda da explosão de positividade se espraie desejosa de que o elo formado ontem por nossos corpos seja novamente interligado e de que fosse essa música, fosse essa a nossa música, a nossa, assim como escutei no fotolog de um querido amigo quando falou sobre a banda irlandesa chamada the swell seanson e que sabendo eu do bom gosto amical vou imediatamente ao youtube ouvir a airosa canção que encantado baixo o citado álbum em meu computador. Escutarei mais tarde.

Mas escutando Rice e ouvindo o som choroso das cordas sobre a madeira morena do violino que se dispõem sobre a voz apaixonante de Rice quando proclama I can’t take my eyes off of you fora impossível que meu cérebro não fizessem visualizações sobre nós dois juntos e hipnotizado, e relembrasse que deitado lhe encarava e memorizava todo aquele rosto lindo impossível de ser gigantescamente sentido, fora impossível não fantasia o futuro, mesmo eu sabendo e estando muito mais com os pés no chão. E o medo me toma.

Cinco dias se passam, nos dois últimos eu estava bem preenchido daquilo que a banda irlandesa fala na música fantasy man: pressure.
O dois primeiros era morno encanto. No terceiro dia uma segunda feira nós marcamos de nos ver em uma praça. Faço isso depois do trabalho e mesmo sem a gandola (camisa de botão característico) e apenas com a blusa preta por dentro, coturno e calça azul escura eu percebo que algumas pessoas percebem nosso intento e vejo o quando é difícil disfarçar não está enamorando. Era pelo olhar que nos tocavamos, apenas olhar cumprido, longo. 

Mas percebem meu oficio e sim me sinto agredido e com meus direitos renegados decido ir embora.

And filled my room with light passo pelo quarto e quinto dia, nesse período  ele me  liga, me querendo rever e embora me enchesse de compromissos é apenas pelo telefone que nos tocavamos.

No sexto dia há o segundo reencontro .

No quinto dia o medo me toma, véspera de nós ver eu tenho medo do que não posso prever. Pela manhã escuto de um amigo antigo que sim eu deveria lhe dá uma chance e pela manhã do quinto dia faço preparações. Lhe pedi paciência (canta the swell seanson - Just be patient  while i wait here). E a música fantazy man caíra como uma luva em nossas mãos. (So go on now you are forgiven / Let's put it down to life / Rhe story of two lovers / Who dance both edges of the knife)

Nunca pude prever isso. Mesmo quando pela manhã fui a um centro comercial comprar uma camiseta e um perfume cujo cheiro me fora apresentado por um amigo antigo e que há tempos anchiava usufruir. Que ainda dormi bem pela tarde e ainda fiz chá verde como nos dias anteriores para desintoxicar de alguma má alimentação. Preparei-me para ir ao cinema, o único cinema onde com plena certeza provavelmente nunca veria nenhum de meus conhecidos da policia, logo que se trata de um lugar discreto longe dos shopping’s, experimentado por que gosta de películas premiadas ou não, mas são filmes muito bem escolhidos na maioria das vezes, muito artísticos e seria enfadonho caso essas pessoas acostumadas a ver duro de matar 1,2,3 e 4 ou velozes e furiosos fossem a esse lugar, crepúsculos e tanto outro filmes repletos de repetitivos enredos comerciais.

Havia lá senhoras e senhores, alguns jovens sérios ou não e atentos ao filme Cópia fiel do iraniano, persa Abbas Kiarostami vencedor de uma palma de ouro em 1997 pelo filme Gosto de Cereja sentamos na última fileira. 

Fiz uma ligação antes de chegar ao cinema:

_Ei, já estou saindo de cara. Liguei pra avisar, vou comprar os ingressos e entramos.
_Tudo bem, já estou quase saindo também.
_Assim que chegar, me ligar. Estarei próximo da bilheteria.
_Dou sim.
_Então, até breve.
_Até.

                         


Chegando lá descubro que o filme já começara há cinco minutos. Espero um pouco mais enquanto ele não chega e vou ao banheiro. Lá me olho no espelho por segundos e vou ao mictório desértico, mais três segundos e um rapaz moreno de olhos entorpecidos de desejo que percebi sentado próximo do lugar antes de eu entrar adentra e fica do meu lado, enquanto eu urino ele me convidado a lhe ter naquele ambiente cheirando a cloro.

Não lhe respondo e saio, embora eu tenha ficado endurecido.

Em seguida o telefone toca atendo e descubro que ele já chegara. Entramos no cinema dez minutos depois de o filme já ter começado, sentamos na ultima bancada. Havia poucas pessoas. Nas ultimas poltronas talvez umas 11 cadeiras separassem nossos corpos de duas garotas e, portanto pudemos ficar a vontade para pequenas e intensas demonstrações de carinho. Confesso que compreendi o filme, mas não saberia explicá-lo logo que minha concentração era interrompida, principalmente pelo passo que daria para tras quando fosse dizer que apenas veríamos o filme e iríamos embora, logo que eu não queria transar, não entraríamos em uma boate gls como fora marcado e que nem depois das 2 horas da madrugada passaríamos o resto da noite em um motel. Enquanto tentava me concentrar no filme eu era instigado pelo prazer do toque de mãos, arranhões de barba no ombro e cangote ou beijos molhados pelo rosto, ouvidos e mordidas nas mãos e maxila e ainda pelo açude de águas frias, escuras e profundíssimas que jogaria em seu corpo morenho e quente.

Sentados lá fora no final da sessão um foto fora feita. Eu lhe disse sobre meu medo e que não tinha coragem de mergulhar de cabeça e que era necessário paciência.

Ele disse que não agüentava mais sofrer, disse  nos últimos dias eu tinha me afastado, que já havia apagado meu telefone de sua agenda, disse que eu era frio demais e que ele não agia assim. Que tinha coração e estava sofrendo, eu lhe fazia sofrer, falou de sua namorada e que eu não poderia competir com ela e que ele casaria com ela e que queria ter filhos (essa estória da namorada, senti que fora invensão).

Eu lhe disse que eu poderia competir com ela sim, logo que se não ele não estaria ali comigo sofrendo e frustrado como ele próprio disse quando desmarquei um encontro há dois dias.

Ele disse que não gostava de travestis, de homossexuais afetados e prostitutas.  Ele disse que se sentia agredido quando via uma travesti. Disse que nunca teria trato com efeminados.

Eu lhe disse que eu tinha fascínio por essas pessoas ou respeito, disse que ter uma amiga travesti. Disse que eu adoraria conhecer melhor esse mundo esquecido, lhes admirava e que achava incrível seus trejeitos, sua forma de se vesti, sua originalidade grotesca e como já disse num poste anterior mesmo o caricato quando originado da naturalidade é belo. Perguntei-lhe como ele se sentia sendo um professor de filosofia e mesmo assim se sentir agredido apenas pela forma com o outro se veste. A essência onde fica? Imediatamente me lembrei de uma professora de sociologia que disse observar bastante os corredores da faculdade onde ensina e perceber que todas as garotas estão em um padrão. São magras, cabelos lisos e com luzes loiras. As que usam sandálias altas andam juntas, as que usam baixas andam juntas. Mas todas usam as mesmas roupas, recortes e modelos. São sempre as mesmas cores de batom de esmalte de unhas, os mesmo acessórios e quiçá perfume. Ela confessa meio atônita que se confunde com elas e nunca consegui lembrar seus nomes. Diz são sem identidade. Eu estava presente quando a professora falava isso e eu não tive coragem de olhar pros lado para ver a cara de cada um das tantas sem identidades que lá tinha, pois estávamos numa roda discutindo a cerca do surgimento da sociologia e fora uma tapa de pelica em algumas do encontro.

Ele para mim fora inacreditável. E mesmo assim ainda lhe respeito. Ele me pergunta mais uma vez se não quero mesmo ficar. Com mais certeza digo que não quero. Ele vai embora, eu fico lá só. Decido entrar numa boate GLS, mas  uma vez só, mais uma vez impossibilidado, mais uma vez dançando num caos suave e devido mais uma vez, devido, a música não boa da boate vou-me embora também chegando à casa uma hora e meia da madrugada.

Pela manhã de hoje recebo uma notícia ótima através de uma mensagem de celular. Um amigo querido vai vim me visitar.


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sábado, 12 de março de 2011

Calafrios de uma ladra



Basquiat





Verão – Adagio; Presto têm 2min5seg de duração e fora essa música que escutei a caminha da CIA. Apesar da ciência sobre o feriado de carnaval adentrei com meu carro azul escuro por sobre a avenida leste-oeste semidesértica sem percebê-lo de imediato, aí me venho à mente por um segundo “as pessoas que preenchem esses caminhos estão no interior” e eu que amanhecera com o estômago afetado por um prurido peristáltico pus a escutar Vivaldi enleado de luz branca e quente da tarde pelos espaços fechados do carro, janelas envidraçadas e nenhum vento.

Mas a frente quando o álbum da sinfonia já tocava outras canções  ou estações como é intitulada a sinfonia que se materializou em meus ouvidos por ondas limpas de uma orquestra entusiasmada cheguei à rendição.

Pelas 18h00min quando me lembrava de Basquiat logo que vi pela manhã algumas obras suas pela internet e sonhava em algum dia ao vivo apreciar sua pintura uma senhora com mais de 60 anos, loira, fútil e dona de uma fazendo em Mossoró que provavelmente nunca ouvi falar em Basquiat pede que nós fossemos ao seu rico apartamento logo que descobrira que sua empregada de 28 anos mãe de um filho de 11 anos estava lhe furtando.

A senhora há um ano que nota desaparecer algum dinheiro, entretanto se justificava ao dizer que era sua memória falhando, esquecimentos. Mas depois de conversar com seu filho mais velho sobre seus esquecimentos e também vitima de uma empregada que roubara um anel de brilhantes de sua esposa, ele lhe convenceu de que a mãe deveria marcar duas notas de cinqüenta reais pela noite e assim fez. Pela tarde desse dia quando fora olhar apenas uma estava dentro sua carteira. Imediatamente a senhora mandou que a empregada fosse pagar umas contas para que a ela sozinha fosse olhar no quarto da até então suposta ladra. Remexendo as gavetas e bolsa percebeu que o dinheiro não estava lá, entretanto foi achado filmes em DVD novos de seus netos e seus, filmes muito ruins por sinal um deles esse ano concorreu ao prêmio de pior película, ela disse não acredito "até o filme do crepusculo ela furtou," algumas roupas da senhora e duas jóias no valor de cinco mil reais feitas dada por esse seu filho mais velho joalheiro no dia de seu sexagésimo aniversário.

Ainda consigo relembrar os gritos que a empregada escutara quando fora recebida na cozinha por nós, a senhora e o filho mais velho. Esse estava com raiva e sôo altas acusações. A ladra começou a tremer e quase não consegue falar. Durante todo o procedimento chorou por não ter ninguém da família aqui, todos estavam no interior do estado, de conhecido apenas uma amiga. A senhora com mais de sessenta anos por mais de uma vez se perguntara e nos perguntara se deveria aquiescer com o processo logo que tinha pena da mulher que durante tanto tempo fora tão esmera na limpeza de sua casa e na forma como lhe tratava e aos seus. Sempre tão carinhosa e discreta. E como disse Ulisses em Aprendizagem ou Livros dos prazeres de Clarice Lispector “a realidade é que é inacreditável.” Como todos na delegacia notavam o desespero que a ladra tomava um policial civil muito espirituoso fora conversar.

Mulher porque tu fizeste isso?

Não sei moço. Não sei o que me deu. Lágrimas rolam mais intensas.

Ele lhe olha e fala suave: Mulher eles eram bons contigo? A senhora? O filho dela? Perguntou compassado e baixo o espirituoso.

Sim senhor, eram sim, muito bons.

Mulher não faz mais isso. Tá? Não faz isso de novo.

Hurum!

E não fica chorando assim. Cabeça pra cima, porque quando você chegar à sela elas, as outras presas vão te fazer de escrava.

E eu vou ser presa?

Vai. Disse e se foi o simpático espirituoso.


Mas uma fora pra captura e a noite de madrugada quando cheguei pra dormir pedi a Deus que lhe confortasse. Hoje ainda me pergunto E sim senhores leitores me importo com aquela ladra que parecia ter calafrios durante o tempo em que fiquei lhe vigiando de medo, de vergonha, de desespero.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Amar por amar, amar sem esperar algo em troca, amar sempre.

(Mateus 1: 23) Emanuel que quer dizer traduzido: “Conosco Está Deus.”




Acordei-me tenaz com a boca amarga e enquanto não escrever sobre o menino Emanuel não poderei tirar o ácido que corrói os minérios de meus dentes através de uma escovação conjunta papel e pális. É preciso que a acerbidade da vida me tome para que eu evoque o que assisti. Grandes pingos acrimânticos de molho azedo façam parte dos fatos. 

Subimos aquele morro branco cercado de riqueza, atrás lindas mansões, do lado prédios de luxo, do outro lado faculdades ricas algumas casas grandes, na frente hospitais particulares, restaurantes, concessionárias de automóveis. Cercado apenas cercado e nada mais, porque em seu centro tenebroso havia pessoas esquecidas pelo mundo dos ricos, havia uma miséria ordinária e até o céu azul lindo perdia sua limpidez e até a vida e o dia chegando ao fim alaranjado pelo pôr-do-sol que era difícil se tornava ainda mais esmagadora e aos poucos aquele mundo análogo era inesquecível em minha mente, era viscozo por minha boca.

Os casebres feitos de madeira frágeis insultavam meus olhos e o rosto humilhado da gente gritava socorro, gritavam e por mais forte que fosse o som altissonante era inescrutável já que vidros normalmente escurecidos por películas fumê eram alevantados nos carros opulentos que por lá passavam ao redor. Subimos e adentramos por aquela areia suja de esgoto devido uma mãe de vinte e três anos, que por seu estado de raiva desvairada, espancar seu quarto filho, o mais novo, loiro, sujo de fezes com apenas nove meses de vida, nascido em 2009.

Sua casa era um barraco com um compartimento, com duas portas, um fogão e uma velha senhora avó da criança esquálida que mal teve forças pra dizer à filha que bem que lhe tinha avisado sobre a violência feita ao menor, ela mexia em algumas quinquilharias sem nos encarar, abanava o carvão avermelhado sobre fogão de flandres com um leque de folhas de coqueiro, mexia e fungava com o nariz, estava chorando. Não vi cadeiras ou bancos, o chão de barro eram-lhe descanso e o pobre menino estava lá sentando quieto com as marcas arroxeadas nas costas com a boca serrada e repuxada pro canto, um leve sorriso se abriu. A mãe se entrega e confessa que tinha sido ela mesma quem tinha lhe batido devido estar com raiva.

Duas vizinhas que nos levara pra ver o estado do menino nos contaram que não era a primeira vez que ela batinha no menino, que ela já batera nos outros, que já tentara matar um afogado, que não usava drogas e nem bebia álcool, mas que fazia o que fazia sem motivos. Diziam com lagrimas rolando pelos olhos, pômulos, a voz tremula que o pobre Emanuel já defecara sangue depois da surra. As duas mulheres eram testemunhas. Contaram que o pai da criança estava no presídio e que somente ela o menino tinha ou a família do pai, mas que de nada sabiam.

Essa semana meu Deus, logo essa semana que ouvi a frase amar por amar, amar sem esperar algo em troca, amar sempre vejo a paixão pelo mal. Vejo a ira de uma fêmea contra sua cria. Vejo ódio disfarçado e dissimulado em arrependimento. Eu vi sem quer e fora eu mais uma vez quem conduzi aquela que escolhera alterar seu bem-querer.

Na delegacia imediatamente nos foi autorizado levar o menino pra ser atendido na emergência. Exames foram feitos e graças ao Deus sublime, disse a senhora que lhe carregava, os raios-x e a ultra-sonografia bendisseram que ele nada de grave tinha. Senti desde o primeiro momento que era amor que lhe faltava. As duas mulheres que foram como testemunhas levaram a criança durante todo o tempo. A pediatra confusa e incrédula relata que esse já era o segundo caso que ela recebera naquela semana. Não conseguia imaginar o porque de tanto ódio.

Retornarmos pra delegacia. Todos foram escutados. Todos assinaram. A mãe agressora seria levada a captura logo que nessa delegacia não havia espaço pra mulheres aprisionadas. Enquanto as testemunhas falavam ao escrivão eu olhava de longe a agressora com algemas num descanso próximo a sela dos presos e muito bem assisti como ela já estava feliz, pois risonha palestrava com todos aqueles homens que há dias cativos se restringem ao contato sexual fêmico*, sentia mesmo de longe a aspiração sexual dos homens e o prazer que a desnaturada sentia por ser cantada. E continuava a sorrir. 

Tudo começara as 18h00min e somente acabamos depois da 01h00min do outro dia. O menino Emanuel em momento algum dera trabalho, sempre quieto, sempre silencioso, sempre inerte e as 22h00min dormira no colo de uma das mulheres que em todos os mementos lhe passava as mãos escuras sobre sua cabeça loura e lhe mimava dizendo "venham meu querido."

Passamos em uma farmácia e compramos uma papinha e umas fraldas descartáveis.

A delegada entrou em contato com todos os órgãos responsáveis por menores violentados e todos estavam fechados naquele momento da noite. O menino ficou então com uma das senhoras tia de terceiro grau da mãe naquela noite para que de manhã os órgãos responsáveis fossem acionados. O ônibus lhes foi deixar em casa logo que já passava da 1 hora.

Eu depois de receber o termo de entrega de preso finalmente me dirigi pra casa não digo atônito, digo mais com os nervos semimortos, não sei se pelo sono ou se pela incerteza de que aquele ser pequenino tivera justiça, embora me espantasse pelo hábito de quase diariamente ver o mal e aos poucos me deixar insensível.



                                                                                            *Neologismo