quinta-feira, 21 de julho de 2011


Título 1 - Braços Cruzados e Pernas Traçadas

A cidade de Fortaleza que era tropical, situada em um espaço que absorvia intenso raio solar quase trezentos e sessenta e cinco dias do ano, se arrefecia apenas quando de um dia para outro chovesse, embora ainda o pouco calor pudesse aquecer e fazer soar água de um corpo humano quieto, recém acordado, com os dedos segurando livros, que naquele domingo sofria calado. 

Pela manha mais fria que o habitual agarrara-se rapidamente a leitura tentando com seu desespero lento de movimentos e com os olhos fixos na estante se esquecer ou transformar o tremor quase sempre presente da solidão em um futuro florescente – pois que o augúrio enchesse a rasa e fina esperança de melhoras, que significava ganhar prazeres provindos da labuta perene de se estar vivo e pronto a resolver os milhões de pedidos sem fim do mundo, o qual ele se inserira com uma força volátil e agora já há tanto tempo se via sem forças obedecendo, e que de tamanha pressão as curvas do rosto que guardavam a presença da melancolia e pelos olhos a memória de mãos que se perdem em labirintos por pedidos sanguessugas. 

À tarde quando sobre a mente conseguira um peso gigante e uma leve dor de cabeça latejante pensou em ir a praia. Antes acreditou que como fora pisoteado seu corpo perambularia num espaço retangular que era a sua casa sem vento onde morava para depois dormir sem fazer o que mais quis naqueles dias. Mas quando os pais de olhos inquisidores saíram de casa lhe deixando, tivera como um relâmpago de prazer feito de respostas a melancolia aprumada de sentidos no corpo que desde o inicio experimenta a vigia da sentinela e agora se prepara para peregrinar em locais públicos com o intuito de se jogar em olhos abrasadores ou sentir-se vivo quando pela coragem fosse e dissesse o que sentisse a quem quer que fosse ou aparecesse em sua frente. Atos que não funcionam.

A noite vermelha sangrara no horizonte do oeste e entrara no mundo à medida que as rodas do carro sujas daquela cor passavam rápidas pelas ruas vermelhas quase desérticas do centro de Fortaleza. A noite plúmbea e assombreada trouxera impulsos desejos de horror, porque os nervos prevendo o mundo grande onde ele se enlearia em lençóis brancos cujo cheiro suave de perfume em madeira com gotas de jasmim embriagado emergisse da explosão do impactante corpo-a-corpo.

À medida que entrava naquele espaço talhado em gesso, paredes lisas e mescladas em cores esverdeadas, brancas e amarelo claro, cadeiras e mesas de vidro para espera, revistas com homens musculosos, maçanetas de alumino, luzes entrecortando a penumbra colorida, vasos de plantas esborrachadas, espelhos e uma escada para o andar superior próximo de um balcão onde se apresentara com dois homens dentro solicitando seu nome para o cadastro e como uma vez já lhe tinha ido não fora necessário ver meu retrato e número de série original, sendo com um aceno de cabeça permitida minha entrada e um numero de dois dígitos predado numa chave que dizia meu armário, para como todos os outros eu iria despir e usar uma toalha ao redor da cintura sempre branca e grossa com chinelas de borracha preta.

Depois que retirei minha roupa jeans e blusa azul clara, fiquei de sunga verde e com a toalha no ombro, tranquei o armário de numero cinqüenta e oito e caminhei para o bar, onde uma vodka gelada me fora entregue para que numa mesa que lembrou muito as da praia do futuro eu ficasse espiando sério de boca serrada, sabendo que quase todos me olhavam, logo acabava de chegar e ouvisse um homem negro com outro de pele amarelada, quase ceracea que a luz amarela fazia aumentar o volume vertical que não lembro como que era a sua face. Tocavam violão e cantavam músicas brasileiras. Zé Ramalho, lembro que cantaram chão de giz e essa música mexe com as pessoas, a letra é forte e o som melancólico misturasse algo que lembro o rock, que deve ser a voz grossa do cantor que em alguns momentos embora cante poesia percebe-se uma espécie de conversa ou a áurea límpida da melodia fora usada como válvula de escape.

Os olhos que assistiam todo show com maior interesse quiseram lacrimejar não digo por escutar que alguém fizera por ele o trabalho de dizer o que queria gritar para todos, mas mais pela inércia do seu corpo com braços cruzados e pernas traçadas, braços que se despregavam apenas para tomar gole de vodka que logo acabaria e que nunca lhe lançaria na loucura de sentir o sabor de sangue de um beijo roubado nem ouvir os gritos de devaneios trazidos e recriados durante anos lançados na rua bem próxima atrapalhando o transito apressado na eminência de um mais louco acelerar com o pé direito e passar com raiva por cima do homem de sunga verde que hoje se negou a pegar um cigarro de papel preto e cheiro de canela ocultado o mal, disfarçado o futuro - os tumores em seu corpo - só pra dizer ao meu mundo que pouco se importa com o presente dado pelo Garoto de cabelo encaracolado que na vez anterior se embrenhou consigo em lençóis num quarto preenchido por uma cama branca, lençóis brancos com uma frase bordada em linha dourada que dizia peanes umbra num canto.

Uma pergunta pela Garoto muito bem feito de corpo fora feita, mas a resposta vou pensar, fez ele aos poucos sair para outras bandas do recôndito espaçoso e sua aproximação leve o fez esquecer de si e por poucos segundos a linha de pensamento que antes fora cortada pela fumaça que saia de uma boca polida e vermelha do Garoto retorna e ainda com maior força ele, o de sunga verde sente oquidão, como se mais uma tentativa chegasse ao fracasso. É que ele esperava que o rapaz não fosse mais trabalhar essa noite pra lhe namorar na frente de todos. De que tamanho é o seu ego? A pergunta aparece sobre os olhos.

Quase todas as mesas estavam preenchidas. Um homem de cabelo grande e branco, gordo e alto, estrangeiro conversava com outro mais jovem, vendo aquilo achou ridículo. 

O tempo passa melhor pela voz dos cantores, alguns passam sem eles e ele pensa em ir para casa, até que decide subir para ver como se comportavam no andar superior ao do bar. Os dois cantores pararam um pouco pra tomarem água, foi então que ele levantou o corpo da cadeira e saiu caminhando e passado por todos aqueles desconhecidos. 

Alguns dos homens o seguiam outros cruzavam por ele, passavam por ele , descendo as escadas encarando com seus olhos bem abertos sobre ele. que se confundia aos outros Garotos da casa, que lhe abordavam oferecendo seu serviços, uma especie de serviço que não lhe interessava essa noite, embora pela situação devesse utilizar depois,  quem sabe até em outro lugar, logo que seria muito mais fácil o sexo que a magicidade de encontrar um outro que fosse capaz de lançar no ar baforadas de ferormônios invisiveis extremamente capazes de penetrar na profundidade das sinopses do corpo que usava sunga verde,  desse ai andando só que até pouco tempo agarrado a garrafa pequenina de vodka lhe esvaziara devagar e agora pouco antes de pôr força nas pernas pra subir os degraus, colocou-a sobre o balcão do bar.

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