quinta-feira, 5 de maio de 2011

É porque é.




Suicídio! Pois é sobre essa forma arrepiante de morrer que venho hoje aqui dobrar meu corpo para derramar os fatos últimos que me levam a parar diante dessa tela de computador Samsung e escrever.

Sempre quando alguém falar, Fulaninho tentou se matar! Ou Cicrano se matou? Imediatamente um leve estremecimento me compadece de perguntas sem respostas o que é suave se comparado ao desespero contido por molas invisíveis logo é com força destrutiva a energia dissipada das placas que me recobrem quando se batem para que milésimos de segundos depois eu ciente de que é porque é, aceite apenas os fatos. Ai me vem à mente uma fotografia de uma mulher feita em desenho com a boca serrada e olhar caído cuja escrita fora perene pelo tempo e cujos sonhos foram por ela secados quando se afogara de propósito num rio, usando casaco com pedras pesadas dentro dos bolsos e que inclusive um filme muito bonito desse século fora dirigido por Stephen Daldry, meu diretor preferido, que mostra a cena da auto-aniquilação pela interpretação muito boa de Nicole Kidman no papel de Virginia Woolf.

Depois vem a muito talentosa poetisa Sylvia Plath, que se matara depois que tomara remédios pra dormir e colocara a cabeça dentro do fogão com o gás aberto, cujos diários que deveriam ser publicados apenas quando todos nele citados morressem, mas que foi autorizado pelo marido traidor à liberação deles em 1998 para publicação em 2000. A amante do marido de Sylvia também se matara quase no mesmo período e ao filho bastardo como também há mais ou menos um ano e meio quando eu folheava páginas da revista vogue na biblioteca do SENAI da Parangaba vi de longe uma revista aberta que era a veja com a publicação de uma fotografia de uma mulher vestindo saia longa sentada sobre um parapeito com uma maquina de escrever nas mãos noticiando que o filho de Sylvia  Plath, Nicolas havia também se suicidado agora já adulto. Apenas Frida vivi, a outra filha do casal.
 
Heath Ladger surgi então numa interrogação tão grande quanto à emoção que me fizera sentir quando lhe vi intrépido somente mês passado no papel do magnânimo Ennis del Mar por Ang Lee pelo sonial o segredo de brokeback Mountain.

Há 187 dias na data de 23 de outubro de 2010 o pedido fora “eu quero que vocês metam um tiro em minha cabeça”. A mãe gritara “não Tiago, não” e mesmo com tantos gritos e escândalos sobre aquela pessoa apenas um silêncio de morte lhe languia a face, a do suicida. Era uma face parda com dois olhos meio fechados quase cansados ou enlevados pelo exagero numérico de comprimidos ingeridos numa tentativa que pela boca e voz se mostrava frustrados. Faltara-lhe mais coragem, mais tristeza, mais vazio, mais comprimidos.

Contar como aquele rapaz preparara seu fim e assistir as lágrimas de desespero da mãe é mesmo que carregar nas costas sacos pesados de vidros e mesmo de longe e mesmo que tanto tempo tenha se passado ainda sinto o espaço pior que o oco. 

Quando cheguei à porta do lar já prescindi a escrisofenia momentânea que se apoderara daquela mulher. O que tomara os comprimidos andava de um lado para outro atrás de mais, cambaleando, ele queria dormir, dormir me contava. Com os gritos da mãe que lhe via repetir que queria morrer o sindico do prédio de classe b da cidade aparecera trazendo consigo um médico amigo para dá os primeiros socorros ao suicida, que me perguntara se o que estava andando de um lado para outro era o suicida, respondi que sim. Ele disse, “ah então ele está bem, está andando.” Retruquei-o, “não está bem. Embora os comprimidos não lhe tenham feito mal, mas ele ainda quer morrer.” Assim que cheguei lá, liguei pro ao pronto socorro pedindo a ambulância psiquiátrica.

A mãe ascendera incensos de cravo e canela da índia, pegara uns recipientes de alumínio contendo pó branco e começara a rezar em outra língua tentando findar seu desespero, aquela agonia do filho estudante de mestrado que queria o fim.

A mãe erguia os braços cheios de sardas e manchas sobre o filho triste, o filho que ama e ama, repetia. Um desejo de fim que fraquejava a voz, que molhavam os olhos pequenos e inacreditáveis. Mas como o caso era de uma tentativa sem sucesso somente a ambulância psiquiátrica lhes ajudaria, então o deixamos sozinhos - ordem dada pelo centro que nos coordena. A mãe continuava chorando. O filho sentando fumava na varanda. A empregada já que iria embora. E uma senhora de 80 anos apenas olhava sentada num canto todo aquele entrar e sair de gente.

Que conclusão ter?

Hás três dias folguei numa segunda feira dia dois de abril, no dia três comecei a trabalhar, foi quando fiquei sabendo que na minha folga um segurança de uma concessionária depois que descobrira que seu filho estava traficando droga fora ao trabalho e dissera para família antes de sair que os mesmo teriam uma surpresa. No local do oficio pegara seu revolver e disparara contra o ouvido, entretanto a bala não atingiu o cérebro. A hipótese é que no exato momento o mesmo tenha se arrependido desviando o cano. Logo ele sobrevivera, a bala pegara no rosto.

E tudo continua.

2 comentários:

Elaine Crespo disse...

Oi Amigo!
Quanto tempo!

Pelo que vejo temos muita coisa em comum. Sou cinéfila e pela forma em que descreveu "As Horas" nota-se que gosta de cinema. Virginia Woolf foi também uma grande escritora. Sou fã de poemas na literatura. Acho que já deu pra perceber!(risos)Mas não conheço Sylvia Plath e fiquei bastante interessada em conhecer sua obra.

Quanto ao seu post, como sempre muito bem escrito e um tema que me afeta pessoalmente, pois depois que tive câncer de mama fiquei em depressão. Esta doença desmotiva o portador, que acordar se torna um martírio e aconteceu comigo e pensei em morrer também. Estou me tratando, mas existem momentos que "a grande tristeza" chega e fica muito difícil de enfrenta-la.Como tenho dois filhos adolescentes, vivo por causa deles.
Os meus dias são de par em par como dizia o grande Cazuza.
No mais vivo bem ou procuro aproveitar os dias em que me sinto bem.
Parabéns pelo post tão delicadamente escrito para um tema tão difícil.

Te desejo lindos dias!

Muita felicidade!

Beijos meus
Elaine

Elaine Crespo disse...

Oi Meu Amigo!

As vezes exprimir sentimentos é difícil e complicado. Eu tinha um pai maravilhoso que eu amava muito, mas o contato afetivo era travado por ele na infância ter tido pouco carinho.
Perto de morrer eu tive a alegria de ouvir ele dizer que me amava.
Ainda bem que podemos resolver antes dele morrer.
Não que ele não amasse os filhos e esposa mas não estava habituado a atitudes carinhosas.

Quando minha mãe foi fazer uma cirurgia este ano,fiquei em pânico e não fui ao hospital com minha irmã.

Portanto meu amigo, sua mãe sabe que você a ama, este sentimento não precisa ser dito mais sentido.

Deveria ter saido com seu amigo e não seria nenhum pecado. Digo isto porque também sou mãe.

Fica bem e em paz.


Um lindo domingo e um beijo meu para sua mãe!

Elaine