sexta-feira, 19 de agosto de 2011

numa noite de domingo

O Renato passou por mim rápido
E se antes não o via direito
Agora se foi embrenhando na finita escuridão
Dos quartos, corredores e quintal
E até ali vendo a silhueta preta pelos cômodos escuros sumir
Misturada a pouca luz ou se repelindo nela
O vi muito pouco passar
Sinalizando com o escuro da boca grossa
No canto um cigarro com a ponta num vermelho vivo
E então a visão de Eu sozinho numa torre muito alta surgiu,
De repente olhava medroso do cume a base dela feita de pedras escuras
Açoitadas por ondas nervosas
Sentindo pelo tempo o desgaste:
Nervuras, relevo, gretas corais que se formaram eternas, eternas...
Como se fossem más as ondas açoitavam barulhentas
Animal líquido, marinho para na calada da noite,
No momento de maior desilusão
Eu olhasse a introspecção celestial
Eu visse um solitário avião, adocicado na imaginação
Em viagem passando,
E você não ver mais sabe devido o brilho de luzes
Piscastes no céu que tanto quis voar cintilando o luar de uma noite
Pouco iluminada no verão
Iluminando muito pouco a cor da silhueta escura
Dando com sua fraca e aquecida queimação
Um ar de cara largadão, sabe...
Sem ter com o que se preocupar.
Essa foi à impressão, embora eu ali na mesma situação esperando o momento
Certeiro pra atacar, não gostasse de fumar, mas gostasse de ver
Que muito sério de uma baforada saída da boca no escuro
A fumaça mal cheirosa emergindo do ducto escuro cinza
E pouco Iluminados estávamos os dois naqueles cômodos pela noite musical
Como se coberto por nuvens negras e de um vento forte
Provindos do além o céu limpasse
Então conheci a estrela que quis cair,
Um astro distraído que quis se desintegrar,
Ou um anjo faiscando muito depressa ao luar.
Iluminando pouco passou com as faíscas de fogueira na boca grossa,
Ponto vermelho vivo como se de bilhões de anos luz
A sua vida no céu acabasse
Quando caisse belo e curto em meus braços segundos depois.

Quando digo que você caiu em meus braços
Suponho que me experimentou, assim como eu ti experimentei
Quando me lembro de vossa passagem muito curta
E do nosso papo lançado fora no Bob’s,
Enquanto o suco de laranja sem açúcar
Hidratava nossas veias secas pelo calor dos esfregões
Quando me encontro olhando o céu introspectivo pela tarde, lembrando muito pouco de sua presença
Com um livro querido no canto, ao colo
Quando lembro que tenho seu número e que não vou ligar
Quando sei de seu valor
E quando agradeço por sua presença
Provindo do destino naquele dia
Em que não mais agüentava a solidão
Penso que talvez nunca mais ti veja
Penso que em outras vidas,
nossas vidas se experimentaram
E quem sabe você não foi um grande amigo
Que nessa tarde Deus ouviu as minhas preces
Vindo ao encontro matar saudades de eras antiqüíssimas
Mas me falta coragem e a você
Quando penso que me meio joguei
Quando penso que o lançamento foi em vão
Ou sem força suficiente para ti quer tanto
Quando me pergunto quando será o pulo do alto sem volta
Quando o quando não mais fizer sentido
E eu não mais vou ligar pra tudo
Quando apenas a curta duração for apreciada
Como deve ser apreciada
E quando terão paciência comigo
E eu convosco
Quando, quando te verei novamente
Em quão época irei rever sua face sem lembranças
E seu corpo que degustei como se já tivesse uma vez
Muito antes degustado, numa floresta, a beira de um rio, como crocodilos a espiar
E como será que éramos
Nossa essência permaneceu?
Nosso âmago perdurou?
Nossas lembranças se foram?
Onde ficou o que escrevi sobre nos naquele tempo?
O que e em qual língua falei?
Quantos foram os momentos?
Quando te verei novamente?
Que fim tivemos e para que significado
Se hoje estamos vivos?

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