quinta-feira, 21 de abril de 2011

Catarros de um traficante.

Primeiro preciso escutar uma música - uma música que não me fale mas que eu ouça - sem me conectar nela que seja harmonica, me conectado que seja desafinada - E que me recorde o que vivi apenas por seu ritmo (quer alto, baixo ou freneticamente que siga uma linha incoerente que cai e sobe sobre meus ouvidos aquecidos pelos fones negros de plásticos grudados nas peles e dobras que compoem a audição) e que lhe faz acústica quer por uma freqüência múltipla de vozes e instrumentos quem sabe, mas, melhor que ela sirva a concentração exigida de quem vai lograr por um espaço tão rico quanto o da escritura.

Segundo já posso começar e quero uma canta em minhas mãos. 

Recordo que o veiculo de patrulhamento que faz fronteira com a minha área e que tem em sua composição um rapaz, qual o chamam de Canibal, como comandante logo ser ele o mais antigo e que o chamam assim por ele ter em sua face uma tez branca muito invaginada por marcas prováveis de acne graves em nível máximo provenientes de sua adolescência.

Devido nossa aproximação para resolução de brigas familiares com pessoas extremamente exaltadas ou como num último apoio dado a mencionada composição o sucesso de uma prisão a traficantes andando em carros caros para a venda ilegal de produtos maléficos que causam dependência, ultimamente percebo ser o soldado Canibal formado de qualidades iluminadas de parceria indulgente.

Pois nesse dia novamente pelo rádio o soldado Canibal pedira nosso apoio para uma abordagem a moto. Chegando lá vimos dois caras, um menor de acordo com Canibal dirigia a motocicleta e ainda tinham quatrocentos reais trocados em moedas e notas de baixo valor. Os dois foram levados a delegacia.

Mas enquanto aguardavamos o delegado vim saber sobre o caso, escutei pelo rádio outra composição, por sinal que ficam próximo a praia do futuro informar ao centro responsável pela coordenação de todas as composições da área que conglomera o núcleo de policia comunitária respectiva a que atuo que haviam abordado uma mulher e que acharam com ela pedras de craque, cocaína e balas de maconha e que iriam a mesma delegacia em que eu estava para fazer o procedimento de flagrante.

                                              Fotografia da delegacia citada retirada de um jornal local


Eu não sei o nome daquela mulher, não sei quantos anos tinha, sei que tinha filhos e que parecia muito com um homem. Sei que chegara aos prantos, pois de acordo com o que contara tinha muitos inimigos e seus filhos ficaram sozinhos. Tinha no bolso de um calção azul estilo ao que os surfistas que mora próximo de minha casa usam, doze reais um papel pequeno de caderno com duas listas azul escura onde por sobre numa delas um numero de celular que começava por 99 se dispusera tremido em azul também, mas mais escuro que o da pauta.

Ela usava uma blusa amarela de algodão de uma marca de roupas desgostosa por mim cujo nome é um fenômeno do ar atmosférico e que lembra tempestade e destruição. E usava quase direto as bordas na região de seu abdômen roliço o tecido para limpar suas lagrimas que lhes sufocava e também o espeço catarro mucoso e semitransparente que saiam de suas narinas avermelhadas. Tinha o cabelo curtíssimo, gorda e branca, tinha a pele preenchida por umas cinco tatuagens e uma delas um lindo dragão de fogo.

A mãe traficante que chorava, eu acredito, devido seus filhos mesmo, embora talvez muitos dos outros meus amigos que la assistiam o drama lacrimal e triste imaginassem ser devido o arrependimento e era o arrependimento e a certeza da perca da liberdade por um tempo E embora sua pessoa nesse mundo cruel, sei a vida é muito cruel, seja de maldade seu oficio, logo que destrói vidas e agora grita por suas crias em perigo, senti pena. 

E Quantos filho será que ela tem? A mulher que ficara só e que deixara só seus filhos em uma casa feita por sobre um morro cujos meus pés teve a dor de pisar duas vezes também só, pois ainda que ao meu lado estivesse um companheiro numa incursão pela busca de garotos que costumam roubar pessoas desinteressadas ao esquecimento  que aquela comunidade sofrida tem, pois próximo a rica praia preenchida de barracas caras, as pessoas ostentam sua riqueza e gastam seus dinheiros, passei e absorvi aquilo que durante 8 horas foram em minha mente sempre relembrado e sabido apenas por mim. 

Aquelas barracas maléficas que nunca, repito, nunca fui em protesto ao meio ambiente que tanto se desequilibra devido a falta de educação das pessoas quando sujam a areia branca em que seus pés pisam quanto ao erguer de edificações num espaço público e indevidamente privatizado.

Mas aquela mãe que tanto parecia um pai me tocara como nunca havia me tocando e sim fiquei penalizado, lhe permitimos que fumasse, mas me chamaram, pois já devíamos voltar à área a que estou responsável.

Sai olhando emocionado e recordando que uma vez um amigo contou que fora abordar três indivíduos suspeitos e pegara na boceta de uma mulher que parecia muito um homem, um sapatão no seu vocabulário. Somente quando sentiu uma fenda é que lhe perguntara, tu é mulher? ela disse, sim. Ele disse que ficara tão sem jeito e mandara todos irem embora e de tão estabanado não se lembrou de perguntar por que da mulher não avisá-lo sobre sua genitália fêmica. Talvez fosse aquela. 

2 comentários:

Antônio LaCarne disse...

achei seu relato muto interessante, me cativei pelos detalhes, tudo muito interessante e ao mesmo tempo trágico e real.

Elaine Crespo disse...

Oi! Boa Tarde!

Você escreve muito bem!
E ao pensar que são relatos e não uma ficção escrita por um ótimo escritor, me sinto chocada.
Por dois motivos,um pela verdade contida e sendo desnudada enquanto leio vejo que meu mundo cor de rosa é falso e que o verdadeiro mundo esta la fora. Outra é ver que um escritor nato , pode nunca ser escritor conhecido ou jornalista famoso , porque a vida segue rumos diferentes daquele que devia.
Parabéns pelo excelente post e obrigada por me mostrar que a vida não é cor de rosa!

Uma feliz Páscoa

Beijos
Elaine