terça-feira, 26 de abril de 2011

Meu mundo uma vez revelando...Vai deixar todos de boca aberta...





                                                 


                         

O meu débil fígado está uma droga. Estou com a boca amarga. Há dois dias que sou acometido por uma colônia amarelada de bactérias por sobre minhas amídalas, devido o grande frio seco que perpetrou por meu quatro há dias enquanto dormia tranqüilo para depois de madrugada sonhar com um cachorro copulando com uma cabra enquanto alguns senhores na rua jogavam água gelada ou quiboa (água sanitária) em seus sexos ativos e interligados, vendo aquilo lutei pela liberdade sexual dos animais, e acordado pelo devaneio confusional pelos olhos fechados, recordações escapadas, discussão e eu sobressaltado por um senhor gordo moralista que lembrou muito alguém de minha infância interiorana - alguém que ia pela tarde bater em minha casa para pegar restos de comidas pra seus porcos (Minha mãe guardava lavagem para esse senhor em questão) - amanheci com a boca azeda, cuspindo, devido os fortes antibióticos e a gastura no estômago que me aflige.

Escovar os dentes não resolve e como não posso mudar nada sobre minhas náuseas eu vou assim mesmo a cozinha tomar café com leite e comer côdeas de pão d’água, enquanto espero o filme Taare Zameen Par (que traduzindo para o inglês significa Like Stars on Earth, mas em brasileiro se chama Somos Todos Diferentes/Como Estrelas na Terra), do indiano Aamir Khan que carrega em meu computador.

Não estou sozinho, sonhando acordado, olhos abertos...
Pisando, tropeçando...ainda tenho uma dúvida...
Ainda tenho uma dúvida...
Assim como o sol que se poe nasce outra vez...
Meu mundo uma vez revelando...
Vai deixar todos de boca aberta...


Pois assim é o preâmbulo, com a letra dessa música que muito propicia a situação vivida pelo jovem de 9 anos Ishaan Awasthi, interpretado pelo também indiano Safary Darsheel que se enlea as imagens fílmicas do personagem disléxico que decide, depois de sofrer por sua incompreensão em casa e na escola passear sozinho pela cidade e observar um conglomerado de ofícios e movimentos capturados e melhor absorvidos pela mente e imitado pelo menino em alguns momentos, às vezes, sem sucesso daí eu poder nesse momento saber que sua dislexia para com o mundo seja algo desacostuma, pois assim como fora por exemplo comigo mesmo quando criança devido meu adamado modo de falar ou efeminando trejeito sofri devido ser eu diferente, uma forma a mais para viver, a que causa mais que medo, a que causa horror e vai além quando a violência é tida como arma para mudar a gente, mas não muda, nunca muda. E observando o filme percebo que há nesse menino humanização, talvez das melhores sofridas e transformadas constantemente de forma mais quente à aprendizagem.


Entretanto, o filme mostrara o além da dor e aflição sentindos tanto pelos que vê (inclui-se os telespectadores) quanto pelos que convivem com o menino Ishaan Awasthi. A sociedade capitalista em desenvolvimento acelerado, ávida por lucros que exige profissões detentoras de conhecimentos matemáticos, físicos, químicos, biológicos etc, é quem lhe persegui e quem lhe faz sofrer, é quem lhe percebe sem disciplina, disperso por querer, por falta de consciência. Pois a verdade é porque quer que ele escapa do mundo ao seu redor, e a liberdade lhe é tirada a ponto de a dor e melancolia lhe formar entorpecido.

Ishaan Awasthi anteriormente dentro da sala de aula olhava atendo uma poça de água suja no pátio sendo constantemente estourada por rodas de bicicletas de transeuntes que passavam enquanto a professora carracunda lia para a sala que notando sua dispersão o chama insistentemente logo que não se concentrava e, por conseguinte ela lhe convida a ler, ele tenta passar a vista sobre as letras, mas diz o menino de 9 anos que as letras estavam dançando e não consegui decifrar o texto.

É inconsciente ou consciente que o garoto Ishaan Awasthi sabendo de sua incompreensão vai ver com seus olhos castanhos escuros as construções, especiarias montadas em calçadas, quadros, cores, artefatos, pássaros, escadarias, o mar, rios, tintas, a vida dos outros em parques, em ruelas, o metal, a mão que pega no gelo e lhe monta roliço sobre o palito para que depois xaropes doces em cores amarelo e vermelho matizadas servissem a um boca infantil para um dia quente?

Um pingo vermelho se deposita em uma palheta branca e horizontal, logo em seguida o mesmo dedo que trouxera o vermelho trás agora um amarelo e se faz uma linda imagem plástica, a mesma captada no dia do passeio, a da boca que mordera o picolé. O irmão mais velho quando o ver diz “oooh!” logo é de fato artística a imagem.

Quando os pais de Ishaan Awasthi descobrem que o menino tirara em todas as provas nota zero e não percebem seu principal dom, mas querem seus filhos competitivos, se irritam por ele sozinho, o filho mais novo, ter matado aula para passear nas ruas correndo perigo e ainda por falsificar um atestado de dispensa para tal peregrinação. Os pais decidem lhe colocar num colégio interno rígido, com ordens, disciplinas que se quebradas as sanções são palmatórias. É nesse momento que  Ishaan Awasthi deixca de ser rebelde para se torna melancólico, mais e mais só.

Ishaan Awasthi passa dias chorando sem querer ir, têm pesadelos, a mãe também reluta consigo mesma e disfarça sua dor, embora não consiga segurar as lágrimas quando ela vê a si própria, o marido e o filho mais velho irmão de Ishaan desenhados em família pelo menino longe de casa num borrão como flip-book, que se passado depressa as folhas vemos em movimento Ishaan Awasthi se distanciar dos pais e irmão.

No primeiro dia de aula no colégio interno um aluno ler o poema cujo tema é perspectiva. Ishaan Awasthi é convidado a interpretá-lo e quando diz o que acha pelo seu imaginário introspectivo arranca risadas da turma e a zanga do professor. Mas ao final o aluno, futuro grande amigo de Ishaan mais sensível, o que leu o poema lhe confessa “você explicou o verdadeiro significa do poema. Os outros apenas repetem o que ele diz.”

                         

Silêncio preenche meu coração, assim canta uma nova música que por várias vezes combina a situação em que o menino Ishaan Awasthi disléxico está. O garoto que fora passar férias na casa dos pais retorna ainda mais reprimido num mundo complicado, a música continua enquanto que a cena mostrada agora é a de um garoto sobre um abismo, como pode ser visto a cima. E de fato houve um querer de auto-aniquilação. Não sinto mais dor estou, amortecido. E um amigo que lhe ver e percebe a dor que se tornara dormente, talvez o único amigo que Ishaan Awasthi fizera, um que usa muletas e que corre ao seu encontro lhe perguntando o que fazia ali. Que não deveria ficar ali, pois era perigoso, que deveriam ir à aula de desenho logo chegara um novo professor. Um professor que sinto o salvará, dado que o mesmo diz, “desenhem o que quiser,” daí um aluno pergunta, “vamos desenhar o que? Não há nada sobre a mesa.” Em resposta diz, “Essa mesa é pequena demais perto de sua imaginação. Agora estão livres. Sem pressa.”


Com o passar dos dias o novo professor chamado Nikumbh, interpretado pelo mesmo bonito diretor do filme em discussão Aamir Khan percebe a incompreensão do aluno que nunca fala. É nesse período que Nikumbh batalha para ajudar Ishaan e para mostrar que dentro dele há um garoto criativo. O rotulo de burro ficaria para trás e alguém especial com dons específicos floresce, pois ensinando e emocionando por suas falas singelas e oportunas que de tão verossímil nós faz chorar ao vermos o dislexo progredir na erudição.


                                



O ápice do filme é quando há um festival de pinturas plásticas, um concurso. Nesse momento Nikumbn, o charmoso diretor e ator Aamir Khan já desenvolvera formas de ensinar Ishaan a ler, como também compreender os números, suas notas melhoraram e a felicidade ou melhor a esperança ascende aos poucos em seu peito pequenino. Os pais sabidos da melhora do filho ficam muito agradecidos ao professor. Os jurados decidem pela pintura linda do disléxico Ishaan Awasthi com pode ser visto acima e ainda lhe coloca como capa do anuário escolar.

Com certeza o filme Taare Zameen Par é para ser visto e revisto. É pra ser passado, discutido e chorado de tão artístico ser sua replica da realidade humana social, como também pela reprodução concisa da perseguição sofrida ou alienação num sistema cruel. Fora uma cópia proba da realidade. Fora muito bom saber um pouco mais sobre como exercer a paciência diante do diferente, ou melhor, como ajudar a quem precisa.

Um comentário:

Gomorra disse...

Descobri este filme por acaso e marcou-me muito...

É lindo!

E muitíssimo pertinente enqaunto musical!

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