domingo, 10 de abril de 2011

Fome de alegria e felicidade






3 de abril de 2011


Então vejo de longe um corpo semi-nu molhado que acabara de se banhar no mar atravessar a pista, como se de sua morada aquática submergisse e como para não tornar o meu dia mais oco o presente aparecesse deificado cantando uma música de sereia, que por seu andar maleado em transi me deixasse, que por minha carência frente a ao meu profundo desligamento de corpo e mente enamoradamente deixo-me perpetrar num caminho gostoso e fraco.

Um corpo extremamente delicioso e quando percebi tinha avançado o sinal vermelho para de perto poder consumir e quase parando na pista desértica de domingo tentando prolongar a visão apoteótica de umas coxas apolíneas escurecida na região púbica por uma sunga azul-marinho, profundo passo enternecido.

Logo após o transe a frente eu vejo uma caminhonete l 200 parada e outro homem bonito urinava bem próximo ao prédio do IML que por sinal estão reformando.

Para um domingo desolado, silencioso, ausente:
o dia se desenrolara preenchido por delicia e horror. Fora delicioso, pois quando vou ao trabalho obrigatoriamente sou obrigado a passar por essa avenida que fica na costa marítima e que num dado percurso vejo se espraiar uma areiazinha branca banhada pelo mar, uma praia curta onde erguem barracas, com vários surfistas livres e pequeninos pelos meus olhos e pessoas que gostam de beber álcool.

No trabalho escuto pelo rádio que algumas mulheres são espancadas por seus maridos em áreas diferentes e re-imagino o que penso sobre o casamento que a cada dia mais se deteriora, infelizmente ou não.

Pelas dezesseis horas enquanto estávamos parados em um posto de gasolina pelo tempo quente que esse dia fez e para usar o banheiro antes que eu chegasse a sentir o cheioro forte de amônia em decomposição vejo um homem que mora na rua se dirigir a nós com a cabeça lascada e sangrando. O homem que pedia ajuda disse que precisava de um médico, pois um inimigo lhe acertara com uma barra de ferro. Lembrei tanto de Lady Gaga quando que a mesmo num show aparece banhada de um liquido vermelho. A todo estante sentia forte o cheiro de sangue que escorria como um banho de tinta vermelha. Sangue me lembra ferro, ferrugem entrava por minhas narinas tremidas. O fizemos sentar e esperamos a ambulância. 

O socorro médico demorara uma hora pra chegar. 
O homem pedia a Deus que lhe ajudasse a sobreviver e logo em seguida dizia que iria se vingar, que iria matar o que lhe acertara com a barra de ferro. Eu disse que se ele desejasse isso Deus não poderia lhe ajudar logo que Deus é amor. O mesmo pergunta se eu era crente.

Depois que a ambulância demorada chega e o homem recebe os primeiros socorros e é levado ao pronto-socorro,  recomeçamos a andar na área. Dez minutos após vejo de longe um grupo muito apressado andar com algo que parecia ser uma pessoa dentro de um carrinho de mão. De perto reconheço um corpo de um homem desacordado dentro desse carrinho, o que carregava era seu irmão mais velho que pelo rosto, uma expressão sofrida e desesperada, com a voz magoada conta que não mais agüentando ver seu irmão desacordado em casa sem que a ambulância chegasse lhe pega e lhe coloca naquele transporte para ser levado ao hospital. Paramos, descemos e percebemos que o corpo do irmão não mais respirava, a temperatura era baixa e quando a ambulância chega de fato se constata a morte. Um longo tempo se passara, a impressa sensacionalista chegar e agora benéfica denuncia sobre o descaso.

De noite chego em minha casa cansado, com fome de alegria e felicidade, e cheio de saudade por um sonho surreal que a cada dia se torna mais e mais invisível.

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