terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

My friend, my friend, mi casa, bla, bla, bla, bla...




Hoje parece que apenas encostarei, apenas passarei de relance, muito rapidamente sobre o que me acontecera nas ultimas horas que antecederam esse momento de introspecção sobre as imagens de festas em bares, esquinas preenchidas de prostitutas e travestis, cheiros de água salgada aos sons do mar em fluxo e refluxo incontrolável pela força lunar e mais enodoada fora sobre minha mente à briga entre uma prostituta com um estrangeiro norueguês. Contarei o que retive, pois como não disse ainda estive enfadado.

Antes de sair de casa para começar às duas da tarde a trabalhar meu sobrinho gritara dizendo ver uma aranha sobre a parede. O mesmo lhe tiraria a vida com uma chinelada, mas gritei “Não, não mate à aranha, ela não faz nada de mal com ninguém.” As fotografias podem ser vista abaixo. Deixemo-na só, acredito que esperava preenchida de paciência e silêncio uma presa. Talvez uma mosca. 

                       
                                                       A aranha.

Chegando a companhia mais cedo logo que houve mudança sobre o local da rendição, passei 8 horas fazendo o de sempre embora todos os dias algo novo surja, sempre surge, pois todos os acontecimentos se regeneram, a vida.

Nesse período de 8 horas fomos solicitados apenas para um roubo de um Fox e um Honda civic numa outra área, tentamos fazer o cerco, mas foi perdido de vista.

Se houve crime, ninguém nos buscou. Mesmo assim como disse em meu diário pessoal é algo que mexe com os nervos, todos os minutos são de extrema atenção, sabidos de que a qualquer átimo de segundo algum fato infortúnio pode ocorrer e como já fora sabido por mim pode mesmo ocorrer.

                          
           

Como acertei anteriormente dobraria o serviço a fim de ajudar um amigo que nesse dia por motivos não revelados precisava que eu lhe cobrisse na viatura. Passaria a noite toda acordado. Mais de 16 horas fora de casa acordado em tortura.

Das 14h00min às 22h00min e de 22h00min as 06h00min do outro dia.


Pelas 05h45min essa parede me chama a atenção. A pintura de um clássico próximo da avenida Abolição.

Nalguns dias anteriores tive tanta disposição para dobrar o oficio, entretanto naquele dia eu estava muito afadigado, minhas forças eram mínimas, tive de beber um liquido dador de força comprado em um posto de gasolina para que me deixasse acordado, embora me sentisse bem à noite, embora me sinta bem vendo, ouvido, sentido como já disse várias pessoas, bares, prostitutas, o mar, casas antigas, a areia branca, a transformação da noite em dia, o clico do frenesi licencioso dos corpos peregrinando sexo perante a languidez da madrugada e a força do franco e alaranjado sol aparecendo, tudo sumindo, o sono surgindo, o som dos pássaros aparecendo, a fuga pros recônditos escuros, motéis e hotéis.
                
                               A beira mar - às 05h30min.

No meio da madrugada quando dobrávamos uma avenida em que pessoas usam para exibir seus corpos - produtos de venda e/ou aluguel copular - duas pessoas de pernas torneadas e despidas calçando salto alto, uma loira e oura morena espichavam-se o troco devido ficarem em pé durante a noite e quando bem próximo lhe fitávamos escutemos o telefone da viatura tocar uma, duas vezes e atendi. (Todas as viaturas têm um telefone fixo conectado a rede de comunicações através de um chip como um celular que é passado a população daquela área. O prefixo é sempre 3457 mais o numero da viatura, por exemplo tvtr 1185 ou 2056). 

Era um senhor, gerente de um hotel não muito conhecido, avisando e solicitando nossa presença já que um casal em dado quarto gritavam estardalhaços um para com outro, pedia que fôssemos ao local rapidamente. Fomos. Chegando lá descobrimos que uma mulher morena de corpo entroncado, aparentando ter trinta e cinco anos, viciada em cocaína e maconha, que se dizia prostituta e que queria muito frisar a todo tempo que falava inglês estava acuada frente as acusações a ela lançadas.

Próximo a ponte dos ingleses. Reduto de licensiosidade lucrativa. 

Van é estrangeiro, avermelhado de pele branca, cabelo da mesma cor e idoso que nada fala de português e que como todo anos passa férias nesse reduto de relativa riqueza e ao mesmo tempo invocador que implora a presença como uma sereia que canta pros seres avarentos de Fortaleza pela falta de riquezas em seu meio marginal. Nesse lugar turístico de Fortaleza e rico se concentra também miseráveis possuídos de cobiça e que como a mulher prostituta e/ou prostituída não medem coragem para conceber o gozo da posse.

Quando adentramos o saguão emoldurado de bambus avistamos a mulher sentada arregalando os olhos com nossa entrada, a vitima meio ébria e três funcionários. Todos menos o norueguês falavam ao mesmo tempo. Dissemos que cada um falasse de uma vez.

Escutamos a acusada narrado como se deu o programa em que cobrara 270 reais, depois eles compraram cocaína, haxixe e um aparelho celular de presente para a prostituta que era por sinal igual ao que o estrangeiro tinha. Com posse da droga foram pro hotel. Com a degustação corpórea e da droga maléfica ela foi embora num taxi, mas minutos depois retorna pro hotel alegando que se esquecera de seu celular recém ganho, o gerente lhe deixa subir, lá começam a brigar no quarto devido ela ter pegue o que dizia ser seu celular. Logo lá em baixo sabida de nossa presença ela diz que se confundiu já que o seu celular é igual ao do homem e que não tinha os 109 reais que todos diziam estar em sua posse. Era preciso fazer revista pessoal e fora solicitada uma policial feminina pelo rádio ao centro que coordena todas as viaturas da área. Minutos depois o gringo desiste e diz que ela pode ir embora já que era mesmo uma mixaria o produto do suposto roubo, diz em inglês para um interprete do hotel que decodificado nos é sabido a mensagem. O celular é devolvido ao dono. 

Por vários momentos observei muito atento aquela mulher extremamente séria afirmar que sabia falar inglês e que entendia tudo que lhe falassem na língua anglo-saxônica, dizia com ênfase remexendo as mãos e com medo de ser presa quase desesperada em voz alta e tremida ao gringo “My friend, my friend, mi casa, bla, bla, bla, bla, mi casa, posso ir, my fiend,” repetia, “my friend! Bla, bla, bla...” Por vários instantes eu olhava segurando minha boca e mantendo-a cerrada para não rir, me concentrava na tentativa de não soltar uma gargalhada ao ouvir a voz esgarçada soltando o bla,bla,bla, mi casa, bla,bla,bla my friend. “Viu moço ele disse que posso ir.” Voltava a chamar por Van sem que ele ao menos lhe olhasse.

A mulher com seu pseudo-inglês fora embora, sua carteira de identidade fora xerocada e grudada por cola pelo gerente numa folha de agenda juntamente com tantas outras mulheres mazelentas para que da próxima vez se por ventura venha querer enganar outro gringo “besta” lá ela não entre e pelos funcionários o estrangeiro seja advertido.

3 comentários:

Figueiredo Neto disse...

Gostei dá narrativa.

Elaine Crespo disse...

Bem, que noites, ou seja, que plantão dobrado interessante e tumultuado! Mas, são ossos do ofício!

Mas, uma vez obrigada pelos elogios ao meu blog!

Uma semana tranqüila!

Um beijos,
Elaine

Magno A. disse...

e vc? volte, por favor!